Música Nova vs Música Velha
Num fim-de-semana em que arranjei (cortesia do Pitbull) uma série de música nova (Snow Patrol, Scissor Sisters, Guillemots, The Strokes, Charlotte Gainsbourg) acabou por soar mais alto um CD português que não consegue sair da minha lista de favoritos... "Film", da banda The Gift, é bem capaz de ser um dos melhores albuns que ouvi na minha vida inteira.
The Gift - Five Minutes Of Everything
Give me please five minutes of everything
Those days when you wake up
And there's no one by your side
My arm slides slowly to my left side
And to my right side, there's no one there
To kiss you or to hear you
And you go out of bed
Thinking in those days that you need
You used to talk and talk about
And everything that stops your attention
You used to talk, talk about
Everything
Those days when you walk at the bar
And try to keep a conversation with somebody else
And no one out there you could sit down or walk
There's no one there.
Five minutes of love
Five minutes of hate
Five minutes I try to call your name
Five minutes of passion
And no one knows the right place to go
No meaning or just self-control maybe
And you walk out of there
You need to talk with somebody else
And to know the problems are waiting for
Outside the door
Are waiting for
The clock won't stop
And even if it stops
Five minutes of love
Five minutes of hate
Five minutes I try to call your name
Of passion
Five minutes of everything
Of everything
Maybe you want to talk about old questions
Right next to my ear
But I don't care about those silly things
Cause all I need is five minutes of everything
Flashback I - Verao 2006 / Festa no Larinho
Ja tinha sido prometido que ainda voltaria a falar das ferias de Verao e para o primeiro Flashback (e nao sei se sera o unico) escolhi a festa em Tras-os-Montes. Sempre no ultimo domingo do mes de Agosto, ha festarola(-estarola-estarola) no Larinho e eu nao posso absolutamente faltar - nem tanto pela festa em si (nao ha mesmo nada de muito diferente dos milhares de festas que existem em Agosto no nosso pais) mas sim por ser a minha aldeia! Este ano, como variacao o meu Padrinho nao foi (estas em falta!!!) mas tivemos incremento de animacao com a ida do Daniel, Sofia, Paula e Susana. Assim, para alem do banho no rio que nao se concretizou por falta de agua (confesso que nao foi muito inteligente da minha parte tentar ir ao banho ao rio Sabor no final do Verao), tivemos a tradicional visita a Ferrada (sem nos perdermos) e uma incursao pelos campos no Domingo (com um caminho que transbordava a "nao-faco-puto-de-ideia-de-onde-estamos-mas-temos-de-ir-na-direccao-da-torre-da-igreja"). Para a proxima, temos de ir sem ser na festa para sermos - ainda - mais (desta vez estavamos um bocado limitados pelo facto de nao querermos transformar a casa num acampamento cigano com medo que aparecesse a GNR a distribuir cacetadas aleatorias). Estou a ponderar seriamente ir la na altura do Natal quando ai for de ferias por isso aceitam-se pre-inscricoes sem garantia!
Algumas fotos:
O pessoal na Ferrada.
O rio Sabor onde nos queriamos tomar banho e onde mal tinhamos agua para tapar o tornozelo.
O pessoal tao perdido nos campos que ate ja estava a ficar desfocado.
- fim de tarde -
Ficam prometidos para um proximo post outras versoes da ultima foto, gentilmente cedidas pela Susana. Ate podemos fazer uma votacao no sentido de apurar qual o melhor filtro!
CCC - Cambridge, Conferencia, Confusao
Ontem foi dia de ir a Cambridge assistir a conferencia que estava no link do post anterior. "A natureza do espaco e do tempo" e claramente um assunto que dava para ficar a conversar durante horas e foi um pouco isso que aconteceu, tendo havido perguntas que suscitaram discussoes prolongadas mesmo entre os membros do painel. Destes, destaco o Sir Roger Penrose (um heroi da minha adolescencia - geek, claramente) que escreveu um livro muito bom chamado The Emperor's New Mind - A mente virtual - que pode ser encontrado na coleccao Ciencia Aberta da Gradiva (sim, a mesma do Calvin & Hobbes). Um pequeno resumo esta on-line
aqui. Os outros conferencistas iam desde um excentrico-frances-de-sandalias a um tipo do Vaticano, sentado ao lado de um fisico-matematico-que-nao-se-conseguia-esquecer-que-era-budista. A aparicao da noite ficou a cargo do Stephen Hawking que apareceu la na sua pose de Man-Machine mas que foi embora antes do final sem fazer qualquer intervencao na altura dos comentarios.
Quanto ao que foi dito, em si, andou sempre a pairar entre a fisica e metafisica, com um obvio excesso de matematica a mistura por parte de alguns (a comunicacao do Penrose, apesar de interessante, fui um pouco brusca na maneira como introduziu alguns conceitos). Muitos puxaram para o lado mistico do assunto (palmas para o "Vaticanista" e para o "Budista") mas houve quem conseguisse atingir o equilibrio (quase impossivel) ao incluir na sua comunicacao tanto o aspecto religioso da pergunta como os avancos cientificos feitos na area.
No entanto, apesar do interesse claro da discussao, nao cansava de me vir a cabeca:
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
Ha Metafisica Bastante em Nao Pensar em Nada - Aberto Ceiro
Paralelamente, ocorria-me tambem que este tipo de conferencia nao seria permitida no Imperial College London. A qualquer momento imaginava o meu chefe a entrar na sala e a comecar a perguntar "mas como raio ganham voces a vida a trabalhar nestas coisas? Va, tudo para a rua a fazer dinheiro!". E uma diferenca assustadora entre as duas universidades: uma e uma maquina de conhecimento (que o aproveita para fazer dinheiro) e outra uma maquina de dinheiro (que o aproveita para fazer conhecimento). Felizmente o Imperial e o ultimo e fica numa cidade (a serio).