Is it time?
"Yes it is, mate", respondo eu a olhar para as 6:30 no meu relógio. Sexta-feira, quase um ano que aqui estou e nem acredito bem ainda por isso saio com os coleguinhas da escola para o pub para lavar tudo o que acumulou no filtro durante a semana, esquecer tudo o que nos encheu a cabeça e não dissemos, pensámos e deixámos morrer, determinámos e não fizemos. Chegamos e já lá estão os profs, "porreiro, cerveja à borla", enquanto elas ainda se conseguem contar, vamos discutindo trabalho, protesto com a minha orientação, reconheço a seguir que talvez a culpa até é minha (ja não estou sequer a pensar no que estou a dizer e a partir daí começo simplesmente a acenar e a abanar a cabeça num ritmo que suponho regular). Desligámos todos da conversa (eu tenho a boa desculpa de todos pensarem que tenho pouco para dizer quando, na verdade, não tenho sequer alguém para me ouvir...), enredamos em palermices já meio embriagadas, há um ruído de fundo e eu começo a dizer à rapariga do bar "I'm in love" sempre que ela me passa ou copo cheio, penso que talvez seja porreiro escolher música e ela traz-me os cd's da associação de estudantes.. "mau, mau, mau, mau, mau, compilação porreira, tem Kaiserchiefs! I predict a riot!" e começo a pensar em ingles... bloody hell it's givin' me a headache. I try to get rid of this stupid language but it keeps on bumping into my thought, it reminds me of the only time I discussed Portuguese poetry in London, or poetry at all, or almost art for what I can remember, a whole year and it was only once, with a portuguese, after a dinner at Spago, two thirds beer, one third pasta oh! and there was this once when i translated some pessoa.. "That's why i use Opium, it's a medicine, I'm recovering from the moment, I live on the groundfloor of thought and seeing life going by, bores me" e switcho lentamente para portugues outra vez que a versão original é muito melhor, tem acentos, entoações e outras variações complicadas de fazer depois de 5, 6? quem sabe? Os mestrandos aparecem e falam de um qualquer concurso de bebida, mando-os à fava que já nem paciência tenho para essas maluqueiras, ou pelo menos com eles que, apesar de serem mais velhos, são mais novos e portanto o argumento de autoridade (que só Coimbra conhece na academia) passa a ser usado aqui. Gozo com o tipo alto, chamo-lhe shorty que ele tem menos uns 3 cm que eu. Pior, o cabelo dele é parecido mas está penteado e é óbvio que isso me parece um crime horrendo, tentar, de forma fascista, pôr na ordem algo que é uma extensão da nossa própria personalidade.. ok.. de repente a meio da conversa reparo que já devem ter sido demais, olho-me ao espelho e vejo a balbúrdia que vai na minha "personalidade capilar" e penso que afinal até devo ter razão. Mando-os às malvas e saio do pub a falar com uma amiga minha, vamos a pé para casa mas antes andamos às voltas, aproveitamos a noite para aquilo que ela foi feita, rimos e conversamos até chegarmos a casa dela. Ela sobe, eu fico, vou a caminho de casa e apercebo-me de que nem nunca li estive.. decido ir pela beira-rio, não há que enganar, afinal de contas só há este ou oeste e devem passar vários autocarros, iá, bué, imensos e já lá vai um ano e eu estou metido num sarilho pela última noite, as vezes que stressei na antiga casa, o que eu não fiz no Imperial, quando me baldei para ir ao mundial e as vezes que no verão não aproveitei o calor e agora os dias são pequenos mas não chove o que já não é mau mas o doutoramento é uma seca, quer dizer, é porreiro mas mas não sei, quando é que vou mesmo a Portugal? ah iá, já marquei, mais uma festa de anos e desta vez são 25 e será que ainda tenho os mesmo amigos? basaram? afinal de contas é um ano e até eu ia perceber isso mas o que é que isso interessa? (onde é que eu estou? não há autocarros?) porra que confusão que aqui vai e esqueci-me do leitor de mp3 na faculdade e não tenho música e acho é que vou dançar aqui um bocado, só me lembro da música de Madrugada em que se canta (berra? exclama?) "I'm in love, ah, ah" e nem sei porque me vem isto à cabeça se só penso no MacDonalds em Trafalgar para onde um qualquer autocarro me irá levar, mudo de música e agora é uma qualquer electrónica grega que me arranjaram ontem.. Iptamenoi Diskoi ou qualquer coisa assim e vai dando para ir a cantar e a ensaiar uns passos de dança ridículos em que o objectivo é não cair e isto era impossível em Coimbra, ainda bem e Bam!, olha o sumecas, feito central energética de battersea, a mesma da capa de Pink Floyd que neste momento não me dizem nada e ainda alguem duvida que arquitectura é arte e embrulho, desembrulho e fico oprimido por tamanho monte de betão (nem sei o nome do albúm de Pink Floyd), vejo uma paragem e corro. Towards Trafalgar Square. Só falta o Big Mac, a coca-cola e a água com gás na prateleira mais alta da cozinha. Os travões chiam e acaba o primeiro ano. Venha o próximo que este deixou-me um pouco enjoado nas curvas.
4 Noitibós:
Quanto ao album dos Pink Floyd com as luzinhas, penso que seja o "Pulse".
Quanto ao ano que passou, pouco mudou em relação a Coimbra. A Praça da Républica (com McDonalds) virou Trafalgar Square (com McDonalds). As saídas nocturnas - e tudo o que daí pode advir - continuam...Quanto muito ocupam outra posição no calendário semanal. Aí não há queima mas as 6as no IC podem compensar tal falta: bebe-se muita cerveja sendo que maior parte dela é oferecida por colegas ou amigos ou por uma tipa qualquer que está a dançar em cima do balcão de uma determinada bebida.
A única coisa que realmente pode ser diferente é o facto de te perderes constantemente em Londres no teu regresso a casa. A questão que te ponho é: Como é que seria o teu regresso a Ribeira de Frades caso fosses a pé do Sôr Norby até lá?
Quick, let's leave, before the lights come on,
'Cos then you don't have to see,
'Cos then you don't have to see,
What you've done,
Until tomorrow comes,
I'll walk you up, what time's the bus come?
I'll walk you up, what time's the bus come?
I'll walk you up, what time's the bus come?
I'll walk you up, what time's the bus come?
Grande Sum! Abraço, moço!
"That's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning
I wanna be high, so high
I wanna be free to know
The things I do are right
I wanna be free
Just me, babe!
That's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning"
Bem.. já me ocorreu tentar ir do Sô Norby a pé para casa mas confesso que desisto sempre... em vez de uma central eléctrica abandonada, ainda acabava no meio dos campos de arroz.. e isso, como sabemos, pode ser muuuuito perigoso. Apesar de agradecer o teu esforço de paralelismo, Suiço, as coisas às vezes são mesmo diferentes (e ainda bem). Acho que já começa a ser tempo de vires cá a Londres, não? Depois explico-te a mística das pints :)
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